Infernus XII





O misticismo é algo que sempre esteve muito associado ao Satanismo. Demasiado até, atrevo-me a dizer. É importante existir uma carga mística em redor do Satanismo, de onde podemos retirar forças latentes na nossa mente e aproveitá-las em nosso próprio favor.

Mas não à custa de um folclore desenfreado que torna qualquer sentimento mais nobre numa amálgama de referências que percorrem a história, múltiplas religiões e crenças. Satanismo é realidade, não é fantasia. Assim como o misticismo.

Mas nada impede que realidade e fantasia não coexistam. Aliás, qualquer realidade é fantasia até ser concretizada, e o Satanista sabe utilizar esse artifício com mestria.Mesmo a base ritualista do Satanismo é baseada na visualização, na projeção de uma realidade que não existe ainda, mas que pretendemos que venha realmente a concretizar-se. Uma realidade que existe ainda apenas na nossa mente, e que a partir desse momento estaremos mais aptos a torná-la física, palpável, real. Numa palavra, uma fantasia que queremos tornar realidade.

Serve isto para enquadrar o tema central desta nova edição da Infernus – a Mitologia. Porque, em muitos caos, o mito percorre o percurso inverso do referido anteriormente: começa por uma realidade que é complementada com uma boa dose de fantasia para que, mais tarde, se torne difusa a fronteira entre o que realmente aconteceu e o que gostaríamos que tivesse acontecido. Talvez seja esse o propósito do mito – levar mais além a fronteira da realidade, do plausível, do aceitável, para que possamos transcender-nos em busca da aproximação da nossa própria realidade ao mito passado de geração em geração. Visualização, projeção, e temos o círculo a completar-se.

Considerações aparte, há muito mais no Satanismo do que apenas o que decorre desde 1966 até hoje. Podemos perceber um pouco melhor isso na tradução de um ensaio de Draconis Blackthorne que percorre vários séculos de História em torno de um eixo comum, assim como em vários outros artigos dos nossos Membros e colaboradores. O nosso país tem também um historial mitológico muito rico, e isso fica latente na conversa com Pedro Silva, autor de diversos livros que focam o nosso mito e mística. Para finalizar, porque não desafiar os conceitos existentes com a proposta de um novo calendário para as estações do ano e correspondentes momentos marcantes associados?  É com o desafio das normas estabelecidas que alargamos também as fronteiras da nossa própria percepção.

Esta é também a primeira edição deste novo ano, que esperamos ser recheado de muitas e proveitosas conquistas, nos terrenos em que nos movemos. E se por vezes o que se consegue é menos visível ou publicável, não quer dizer que seja menos saboroso.
Hail Satan!




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